Cultivo de ostras é fonte de renda para indígenas potiguara, em Rio Tinto, na PB
20/04/2025
(Foto: Reprodução) Comunidade potiguara passa ensinamentos sobre o cultivo das ostras de geração para geração, e a atividade tem ganhado destaque no setor da economia, com o produto indo atá para outros estados. Território de Negócios: cultivo de ostras gera renda na Aldeia Jaraguá, em Rio Tinto (PB)
O cultivo de ostras tem se tornado uma das principais fontes de renda da comunidade potiguara de Rio Tinto, na Paraíba. A cidade, que possui 24.581 habitantes, conta com uma população de 6.175 indígenas, que historicamente realizavam o consumo e o extrativismo das ostras, que se transformou em cultivo.
A atividade ganhou destaque na série 'Território de Negócios', exibida no JPB2, da TV Cabo Branco, em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado neste sábado, 19 de abril.
Momento de coleta das ostras para cultivo
TV Cabo Branco/Reprodução
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O cultivo das ostras realizado na Aldeia Jaraguá, na Terra Indígena Monte-Mor, é uma atividade passada de geração para geração. O que começou como um ato de subsistência, apenas para servir de alimento para os próprios indígenas, se tornou uma fonte de renda para a comunidade, que comercializa ostras até para fora do estado, em restaurantes das cidades de Recife e Natal.
De acordo com ostreicultor conhecido como Major das Ostras, o cultivo de ostras no local não possui uma associação própria porque a maioria dos mergulhadores responsáveis pelo cultivo trabalham de modo independente. "Cada um tem uma parte aqui. Cada um tem sua produção", destacou
Ostras cultivadas pela comunidade indígena da Aldeia Jaraguá, em Rio Tinto, na Paraíba
TV Cabo Branco/Reprodução
"A ostra, assim com outros produtos a partir das áreas de manguezais, das áreas marítimas, já fazem parte da nossa cultura alimentar. Então não é apenas uma relação de consumo, mas uma relação que vem também trabalhando as práticas tradicionais", explica Cristina Potiguara, doutora em Antropologia.
Antes de serem servidas à mesa, as ostras vão para outros estados, onde crescem por mais seis meses e passam por um processo de depuração. De acordo com Tito Ramalho, professor de gastronomia, a prática consiste em deixar as ostras em tanques e aquários para que passem por uma espécie de limpeza.
Ostras passam por um processo de depuração antes de serem servidas como alimento
TV Cabo Branco/Reprodução
"Como elas [as ostras] são animais filtradores, se houver algum tipo de contaminante na água, eventualmente elas também vão se contaminar. [No processo de depuração] há uma filtração da água, uma inserção de vários tipos de agente de limpeza, como cloro, ozônio, tratamento com luz ultravioleta que tornam elas [as ostras] um produto seguro", disse o professor.
De acordo com a doutora em Antropologia, Cristina Potiguara, a tradição do cultivo de ostras da comunidade indígena com a comercialização que tem sido realizada atualmente é um retrato de que os costumes das gerações antigas precisam estar alinhadas às mudanças no território para garantir que a prática não prejudique o ambiente da aldeia.
"O caminhar do saber tradicional com o saber contemporâneo precisam ser juntos", afirma.
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